Restauro de pálio da Concatedral de Miranda do Douro

Está em curso o processo de restauro de um pálio datado do século XVII, pertença do espólio da Concatedral de Miranda do Douro. O restauro está a ser desenvolvido pela Real Fábrica de Tapices, em Madrid.

A iniciativa é promovida e financiada pela Fábrica da Igreja de Miranda do Douro e pelo Museu da Terra de Miranda.

O pálio é um pequeno dossel portátil com o qual se cobre uma imagem religiosa durante as procissões. A peça, que agora se encontra em restauro, apresentava sujidade geral, deformações em algumas zonas do tecido, rasgos e deterioração em cordas e argolas.

Assim, a intervenção centra-se na limpeza mecânica, humidificação do tecido para reidratação, alinhamento, consolidação estrutural para fixar zonas fragilizadas e reforço de argolas e cordas.

Fundada em 1720, a Real Fábrica de Tapices, situada em pleno Paseo del Arte, dedica-se à produção artesanal de tapeçarias, tapetes e reposteiros. Os tapetes e tapeçarias da Real Fábrica podem contemplar-se em todos os palácios pertencentes à Coroa espanhola: Palácio Real, Palácio del Pardo, Palácio de la Granja de San Ildefonso, Palácio de Aranjuez, Palácio de Riofrío, Alcázares Reais, Palácio de Pedralbes, e em numerosas instituições nacionais e estrangeiras.

O rei Felipe V decidiu fundar uma fábrica de tapeçarias e tapetes com o objetivo de tornar os então austeros palácios espanhóis mais confortáveis. A fábrica conseguiu que grandes artistas começassem a pintar modelos e esboços para as suas tapeçarias, como foi o caso de Goya, cujas tapeçarias se podem admirar em diversos museus. Atualmente, a fábrica mantem a produção artesanal de tapeçarias, tapetes e reposteiros, e forma novos artesãos. Além disso, convertida em fundação, conserva a documentação e divulgação do legado histórico, cuidando do património histórico espanhol e trabalhando para o restauro de tapeçarias e tapetes.

Sobre a Concatedral de Miranda do Douro

Elevada a antiga vila de Miranda à categoria de cidade e de sede de diocese em 1545, o projeto da Catedral apareceu em 1549, e as obras iniciaram-se em 1552 sob a direção de Gonçalo de Torralva e Miguel de Arruda. O projeto insere-se na tipologia de Sés mandadas construir por D. João III, com uma fachada harmónica – em que um corpo central é ladeado por duas poderosas torres -, e um interior em três naves abobadadas à maneira gótica, com cruzaria de ogivas de nervuras visíveis.

O retábulo-mor é já uma obra seiscentista, terminada em 1614, e deve-se ao trabalho de Gregório Fernández, mestre galego radicado em Valladolid e responsável por uma oficina bastante ativa durante o período maneirista. Igualmente digno de nota é o retábulo de Nosso Senhor da Piedade, em talha barroca de boa qualidade, e o órgão do século XVIII, de igual modo profusamente decorado com talha dourada.

A história da cidade foi bastante atribulada, pela sua condição de fronteira. Em 1710, por exemplo, caiu em poder espanhol e novamente em 1762. Terá sido esta ocupação estrangeira o motivo principal para a mudança do bispo para Bragança, cidade menos exposta a ameaças externas. Esta posição do titular da diocese e respetivo cabido deu início à decadência de Miranda enquanto sede episcopal.

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Skype
Notícias Recentes
Hoje apenas lhe dizemos OBRIGADA. OBRIGADA por nos ter acompanhado ao longo dos últimos anos, OBRIGADA por ter estado connosco na proteção do património, na atividade dos museus e na dinamização cultural a Norte.
Siga-nos