As Jornadas Museus e Educação Patrimonial pretendem continuar a ser o fórum de diálogo entre os diferentes agentes que desenvolvem o seu trabalho no campo da educação em museus e universidades na Galiza, Espanha e Portugal.
O encontro concentra-se em três eixos: educação patrimonial para a mudança social; os novos formatos e mídias na educação e na ação cultural; e a criação de redes de colaboração entre instituições.
A programação inclui palestras e mesas redondas com a participação de pesquisadores e profissionais ligados a museus e universidades, entre outras atividades.
O Museu de Lamego está a participar nesta iniciativa apresentando o projeto “Sala Colonial“, o qual conta com o apoio da Direção Regional de Cultura do Norte, Fundação Calouste Gulbenkian e Município de Lamego.
“Sala Colonial” visa valorizar a participação de alunos, de professores, e também de antigos alunos e professores, assim como a comunidade lamecense em geral, no sentido de trabalhar novas interpretações para a coleção.
Propõe, para o efeito, retornar ao espaço físico da “sala colonial” e às instituições que a fizeram nascer, por meio da experimentação de uma prática de memorialização que desvincule os objetos africanos da ficção propagandística do Estado Novo, assim como da ciência histórica-etnológica, contribuindo assim para um reposicionamento desta coleção na sua historicidade própria.
“Sala Colonial” faz referência a uma antiga sala de exaltação propagandística promovida pelo Estado Novo no contexto da política de promoção do Império junto de institutos e liceus públicos, como foi o caso do Liceu de Lamego – atual Escola Secundária Latino Coelho.
Com efeito, logo a partir do segundo ano de atividade do Liceu, em 1938, e até meados dos anos 50, esta sala fez parte da distribuição programática da Escola. A sala albergava então uma série de elementos alusivos aos “territórios ultramarinos”, tais como mapas, livros, animais embalsamados, peles, cornos e crânios de animais, gravuras e um Padrão Português dos “Descobrimentos”.
A Sala Colonial tinha ainda uma coleção heterogénea de artefactos africanos – escudos, flechas, bengalas, estatuetas, instrumentos musicais e máscaras em madeira. Em 1980, grande parte destes objetos “Indígenas-Africanos”, como eram então designados, foram transferidos do Liceu para o Museu de Lamego, enquanto que outros, permaneceram na Escola, onde ainda hoje se encontram.