Mais duas inscrições no Inventário do Património Cultural Imaterial

A região Norte conta, a partir de hoje, com mais duas manifestações culturais na lista do Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial: «Pesca nas Pesqueiras do Rio Minho» e «Processo de Confeção da Capa de Honras» de Miranda do Douro.

Foram hoje publicados, em Diário da República, os anúncios de inscrição de mais duas manifestações culturais da região Norte, na lista do Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial (INPCI): a «Pesca nas Pesqueiras do Rio Minho» e o «Processo de Confeção da Capa de Honras».

A inscrição da manifestação «Pesca nas Pesqueiras do Rio Minho» no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial reflete os critérios constantes no artigo 10.º do Decreto-Lei n.º 149/2015, destacando a importância desta prática enquanto reflexo da identidade da comunidade, os processos sociais e culturais nos quais teve origem e as dinâmicas de transmissibilidade desenvolvidas até ao momento presente.

A denominação “A Pesca nas Pesqueiras do Rio Minho” abarca os saberes e conhecimentos praticados pelos pescadores do troço internacional do rio Minho, tendo em conta a criação e adaptação de “Artes da Pesca” às contingências espaciais e naturais de parte do rio Minho, transformando-o numa paisagem cultural, junto com sofisticados processos sociais de construção e partilha das ‘pesqueiras’.

Este processo destaca-se enquanto património cultural Imaterial, na forma como as comunidades humanas ribeirinhas ao rio Minho conseguiram entender o contexto ecológico e usar os recursos à sua disposição, dentro das condições orográficas, geológicas, hidrológicas, haliêuticas, social e ambientais do espaço referencial ao ecossistema onde vivem.

A inscrição (salvaguarda urgente) da manifestação «Processo de Confeção da Capa de Honras» no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial reflete, igualmente, os critérios constantes no artigo 10.º do referido diploma:

a) A importância da manifestação enquanto reflexo da identidade da comunidade, grupos e indivíduos que a praticam e se encontram associados;

b) A importância da sua dimensão histórica, social e cultural na área territorial em que se insere;

c) A relevância da manifestação para o desenvolvimento sustentável nos territórios onde se pratica;

d) As atuais caraterísticas do contexto de transmissão do saber-fazer, que acarreta riscos passíveis de comprometerem a sua continuidade, a curto e médio prazo;

e) As medidas de salvaguarda e valorização preconizadas na viabilidade futura do saber-fazer em questão.

A Capa de Honras mirandesa é umas das marcas indissociáveis da região, e constitui uma peça com grande valor etnográfico. É executada em lã, que depois de tosquiada e lavada, passa por um conjunto de processos de transformação (carmeagem, cardagem, fiação em torno ou em roca, tecelagem e pisoagem) que permitem um pano final espesso e irregular, bastante impermeável e térmico.

Era com estas peças de tecido (agora fabricado industrialmente), que o alfaiate (ou costureira) executava a capa, num processo moroso de corte de peças, desenho a giz para reprodução modelar, costura (usando-se essencialmente na atualidade máquinas não elétricas por forma a controlar melhor o seguimento das costuras), recorte e vazamento das reservas, acabamentos bordados, aplicação de franjados, culminando na montagem das diferentes partes. Por fim a capa deve servir ao seu “dono” quase até ao chão.

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