María García Ruiz é artista visual e investigadora, com formação em arquitetura. O seu trabalho desenvolve-se em torno da produção – física e imaginada – do território, através da articulação de narrativas híbridas entre imagem, escrita e ação.
Com Moisés Puente, está a preparar a exposição “A cidade em disputa: experimentação coletiva em torno da habitação social no sul da Europa (1949-1976)” que reúne as experiências dos Poblados Dirigidos em Espanha, a reconstrução neo-realista do pós-guerra em Itália e o processo SAAL em Portugal, que inaugurará no Centro de Imagem La Virreina, em Barcelona, em Março de 2023.
A conferência que proferirá no âmbito da exposição “Se isto fosse um paraíso feito de nada” incidirá sobre esta investigação que tem em curso. Dia 10 fevereiro, às 19 horas, na Casa das Artes. Entrada livre.
Enquadrado no processo revolucionário iniciado em 1974, o Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL) promoveu uma via alternativa para a resolução das carências de alojamento das classes populares, através da transformação e melhoramento dos seus bairros degradados. De Norte a Sul do país, moradores, quadros técnicos e entidades locais e estatais procuraram, num esforço intensivo e coletivo, dar voz, casa e cidade aos sectores mais marginalizados da população.
Quase cinco décadas depois, qual foi o destino das 75 operações construídas no âmbito deste programa? Segundo uma perspetiva ancorada nos moradores dos bairros, pretende-se reconhecer as camadas estratigráficas que compõem as formas de vida em comunidade e a partir destas evidenciar uma multiplicidade de conflitos, afinidades, contradições e solidariedades.
Apresenta-se um trabalho em progresso que é composto por um conjunto de fotografias dos bairros e excertos de entrevistas a moradores na atualidade, bem como por parte de um arquivo referente ao processo desenvolvido numa das primeiras operações SAAL a tomar a dianteira após o 25 de Abril, a operação da Maceda no Porto, procurando refletir sobre as expectativas projetadas e sobre o que destas se viu ou não viu cumprir.
A exposição está patente na Casa das Artes, do Porto, até 25 fevereiro.