Neste ano de 2022, cumprem-se 200 anos da dedicação da Igreja das Taipas a São José, contexto que mobilizou a Irmandade das Almas de S. José das Taipas para comemorar a data, designadamente com o concerto que terá lugar no próximo dia 26 de novembro, pelas 21:30, com entrada livre.
“A igreja de S. José das Taipas encontra-se no enquadramento da igreja dos Clérigos, Centro Português de fotografia, antiga Cadeia da Relação do Porto, Fonte do Olival, Jardim da Cordoaria e casa de Almeida Garrett. O local designado de “Taipas” refere-se aos entaipamentos que por aqui se fizeram no século XVI por se encontrar esta zona atacada de peste. Os entaipamentos isolavam os doentes e, assim, evitavam o contágio com a restante população.
De estilo neoclássico, a sua construção iniciou-se no ano de 1795 e finalizou no ano de 1878. O templo tem uma só nave em abóbada de berço, suportada por dez arcos. A obra é de Carlos Amarante, arquiteto e engenheiro militar do neoclassicismo, autor de vasta obra no norte de Portugal. Da sua autoria, salientam-se os conhecidos monumentos do Bom Jesus, Igreja do Pópulo e Igreja do Hospital de S. Marcos, localizadas em Braga; a Ponte de São Gonçalo sobre o Rio Tâmega, em Amarante; Ponte das Barcas, no Porto, (hoje desaparecida); Reitoria da Universidade do Porto; igreja da Trindade, no Porto; Palácio da Brejoeira, em Monção.
A igreja de S. José das Taipas encontra-se intimamente ligada aos acontecimentos ocorridos durante as Invasões Napoleónicas e à memória da população da cidade que ainda se ressente das violências praticadas e do terror que invadiu a urbe por esses tempos. Guarda no seu interior uma pintura alusiva ao Desastre da Ponte das Barcas, episódio histórico de grande relevo para a cidade, ocorrido durante as invasões francesas a 29 de março de 1809. Esta pintura original em cobre encontrava-se na Ribeira e assinalava o local onde a ponte, que ligava Porto e Gaia, construída sobre barcas (daí a designação de Ponte das barcas), ruiu perante a massa populacional portuense em fuga para a margem sul, impelida pela invasão militar francesa. Hoje, a pintura alusiva ao massacre está protegida no interior da igreja e, em sua substituição, foi colocada uma outra peça em bronze do escultor Teixeira Lopes. Na Ribeira, o altar, ainda cuidado pela população local, designa-se de Alminhas da Ponte. Do lado direito da porta de entrada, é possível recolher esmolas para as almas do Desastre da Ponte das Barcas.
São ainda de salientar no interior da igreja um presépio do séc. XVIII, atribuído à Escola de Machado de Castro; uma pintura da antiga escola alemã, representando a Nossa Senhora da Divina Providência, um Cruzeiro e outras obras que se encontram na área museológica anexa.
É ainda possível visitar a Cripta, sob marcação de visita, e a torre sineira de onde se pode apreciar uma vista fantástica sobre o Porto e sobre a cintura da antiga muralha correspondente à Porta do Olival.
A igreja é administrada pela Irmandade das Almas de S. José das Taipas, criada em 1780. A Irmandade celebra anualmente o Desastre da Ponte das Barcas com procissão que sai da Igreja e se dirige ao local das Alminhas da Ponte”. (Fonte: Universidade Portucalense)